quinta-feira, setembro 21, 2006

Filha.

A água está tão fria!
O seu pé pequeno e delicado mergulhou, atrás dele um corpo de criança entrou também, inundou tudo, inundou todo o meu pensamento.
És minha flor disse-lhe de imediato, inundas-me de felicidade.
Atirou-me o seu olhar mais atrevido, dançou para mim, mergulhou para mim.
Enquanto dançava naquela água tão azul, pássaro diversos voavam sobre ela, cantava uma pequena melodia.
Como era bela, como era perfeita!
Senti-me pequeno, senti-me esmagado, aquela pessoa é a minha vida, pensei…
Como é possível…
Deixei de ser dono de mim, já não sou eu que estou ao leme do meu barco, amo-a, é tudo para mim, sinto-o tão forte, tão verdadeiro…
Enchi os pulmões de ar e gritei.
Não vou permitir que chores jamais, jamais verás os podres da vida, o teu mundo será sempre perfeito, vais ser sempre feliz, imensamente feliz, a mais feliz!
- Amo-te papá.
Chorei, chorei de enorme alegria!
Queria esquecer, mas sabia-o bem, a minha princesa não era diferente, iria sofrer ao longo da vida, como todos nós…
Não o consigo imaginar!

4 comentários:

Abssinto disse...

Nenhum pai pode, eu acho... Adorei,P.star. Muita ternura e um calorzinho no coração.

Abraço

Pierrot disse...

E não fazem o choro e o sofrimento parte da vida como caminho de aprendizagem. Não são eles precisos para que nos façamos felizes um dia.
Claro que sim...mas custa né.
Abraço
Eugénio

£ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Um lindo texto, quem é pai entende...
Não, não se pode proteger como queremos, como devemos, a vida é mesmo assim, com momentos de alegria e outros de sofrimento.
O que se pode é atenuar o sofrimento (quando o há) e estarmos presentes, mesmo quando ausentes.

Até outro instante!

ricardo disse...

:)

adorei o texto!
abraço e bom fim-de-semana!