segunda-feira, agosto 20, 2007

Suave

Carrego no frágil botão…
Sento-me no velho cadeirão já gasto, aquela música evade-me, mistura-se comigo…
Provo o vinho, que suave…
Começo a dançar comigo mesmo, oiço aquele som tão perfeito, aquela voz que entra dentro de mim…
Abro a janela espreitando o mundo lá fora, sou beijado pelo vento, termino o primeiro copo…
Atiro-o! Fico a vê-lo descer, oiço finalmente o som! Oiço o som do vidro partir, em seguida grito, grito bem alto pedindo ao mundo que me abrace!
Sirvo-me de um segundo copo, troco a música, esta agora vai envolver-me de outra forma…
Assim passa o tempo, assim passa o vinho…
Despeço-me da última gota da garrafa, e agora sei onde estou, agora navego bem longe, agora sou mil personagens, agora sou Pai sou filho...
Sou terra sou mar…
O velho lápis ainda não parou de riscar velhas folhas, elas são donas de tantas memórias, de tantos caminhos…
Caminho pelo corredor tentando não fazer barulho, o álcool empurra-me contra as paredes…
Ai…
Como sinto vontade de me embrulhar em ti, como queria agora sussurrar-te mil e uma situações, algumas verdadeiras…
Pintar-te vários quadros enquanto fazemos amor, mergulhar em ti enquanto nada em mim aquele rubro vinho, toco nos teus redondos seios ouvindo a magnifica letra da música estalar na minha cabeça…Gostava que fosse minha…
E gostava que tu fosses minha, mas não és…
Nem a letra daquela angelical musica, nem tu que és a perfeição feita mulher….